AULA 1 - BASE PARA O PROCESSO DE DIGESTÃO E ABSORÇÃO DOS ALIMENTOS
AULA 1
BASE PARA O PROCESSO DE DIGESTÃO E
ABSORÇÃO DOS ALIMENTOS

1- INTRODUÇÃO DE CONCEITOS
Digestão é o processo de simplificação dos alimentos de alto peso molecular em moléculas menores, por meio de reações de hidrólise (que são catalisadas por enzimas específicas) e por meio de fermentações bacterianas. Muitas vezes é necessário o trabalho sequencial de duas ou mais enzimas para completar a digestão.
Absorção é a transferência dos produtos de hidrólise e fermentação da luz intestinal para a corrente sanguínea ou para a linfa.
I) CLASSIFICAÇÃO QUALITATIVA DOS NUTRIENTES
Macronutrientes: São os glicídios, os lipídios e as proteínas.
Micronutrientes: São as vitaminas e os minerais.
II) CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL DOS NUTRIENTES
Energéticos: Glicídios e lipídios.
Estruturais: Proteínas e minerais.
Catabólicos ou Reguladores: Vitaminas, fibras e minerais.
2- O TRATO DIGESTIVO
A estrutura básica do tubo digestivo dos animais carnívoros, onívoros e herbívoros são diferentes para compactuar com o seus hábitos alimentares.
Carnívoros e Onívoros: Estômago relativamente grande, intestino delgado simples e intestino grosso sem apêndice desenvolvido.
Herbívoros: Estômago e intestino delgado de tamanhos variáveis; intestino grosso com desenvoltura dos haustros e tenias na porção do colo, bem como um compartimento maior no final do intestino grosso para propiciar a fermentação. Sabendo disso, existem também grupos específicos de herbívoros, os poligástricos, que fermentam o alimento vegetal no pré-estomago (e não no final do intestino grosso) com auxílio da microbiota simbionte.
Apesar de suas diferenças, algumas adaptações da estrutura do trato digestivo é comum para todas as espécies, independente de hábito alimentar. A primeira delas está na adaptação da mucosa intestinal, que a partir de suas pregas, vilosidades e microvilosidades, é capaz de ampliar a superfície de contato entre o epitélio absortivo do intestino delgado e os nutrientes.
Além disso, outras adaptações e estruturas são comuns para diferentes espécies, como por exemplo a presença de sucos digestivos secretados pelas glândulas anexas e pelas células do estômago e intestino; a presença de um sistema neuroendócrino que integra o controle do tubo digestivo e as glândulas anexas; o sistema circulatório ativo e estratégico; bem como um sistema linfóide de íntima relação ao sistema digestivo (como a placa de Peyer, no íleo; ou um nódulo linfóide solitário do trato digestório).
A seguir, veremos cada um desses quatro tópicos em mais detalhes.
I) QUANTO AOS SUCOS DIGESTIVOS
- Saliva:
A maioria dos mamíferos possui pelo menos três pares de glândulas salivares: as parótidas, as mandibulares e as sublinguais. Trata-se de glândulas acinosas típicas que secretam a saliva, substância que pode ter funções antibacterianas, digestivas e de resfriamento evaporativo, dependendo da espécie.
Sua atividade antibacteriana resulta da ação de enzimas antimicrobianas conhecidas como lisozimas. Além disso, nos animais onívoros, a saliva contém uma enzima que digere amido, conhecida como amilase salivar. Geralmente essa enzima não está presente na saliva dos animais carnívoros, como os gatos. Por sua vez, a saliva do ruminante é um tampão bicarbonato-fosfato, isto é, ela é isotônica e, comparada ao soro sanguíneo, possui alta concentração de bicarbonato e fosfato e alto pH.
Por fim, é importante mencionar que as glândulas salivares são reguladas pelo sistema nervoso parassimpático; a mastigação e o estímulo das papilas gustativas, além da expectativa por alimento, são estímulos aferentes da salivação.
- Suco gástrico:
A mucosa glandular do estômago possui invaginações frequentes conhecidas como criptas gástricas, A maioria das áreas de superfície do estômago é coberta com células mucosas da superfície. Essas células produzem um muco espesso que é uma característica especial do revestimento do estômago, e tem função de proteção do epitélio estomacal das condições ácidas (quando as células mucosas são lesadas, ocorrem úlceras estomacais). Cada região da mucosa contém glândulas com tipos celulares característicos. Na região parietal do estômago, as glândulas contêm células parietais. Sua função é secretar ácido hidroclorídrico (HCl). Na base das glândulas gástricas há ainda um terceiro tipo de célula, as células principais. Essas células secretam pepsinogênio*, o precursor da enzima digestiva pepsina. As glândulas das regiões mucosas cardíaca e pilórica assemelham-se àquelas da área parietal em estrutura, mas contêm tipos celulares diferentes. As glândulas cardíacas secretam apenas muco alcalino e provavelmente serve para proteger o estômago. As glândulas pilóricas não possuem células parietais, mas sim células G produtoras de gastrina.
*Os pepsinogênios são estocados nas células principais até serem secretados no lúmen das glândulas gástricas. Após a secreção, os pepsinogênios são expostos aos conteúdos ácidos do estômago, resultando em clivagem de uma pequena porção da molécula de proteína, o que leva à ativação das enzimas.
- Suco pancreático:
O pâncreas exócrino é uma glândula acinar típica. Cada célula acinar pancreática pode produzir todas das mais de dez enzimas diferentes secretadas pelo pâncreas, sendo essas indispensáveis para a digestão de proteínas, amidos e triglicerídios.
- Bile:
Uma função do fígado é ser uma glândula secretória do sistema digestório. Sua secreção, a bile, tem um papel importante na digestão de gordura. O acido biliar, formado a partir do colesterol, é secretado pelos hepatócitos e flui para o sistema de ductos biliares. Normalmente, o colesterol é quase totalmente insolúvel em água, mas as alterações químicas envolvidas na conversão do colesterol a ácidos biliares resultam em uma molécula com uma porção hidrossolúvel (hidrofílica) e uma porção lipossolúvel (hidrofóbica). Esse atributo de combinação hidrofóbica-hidrofílica é a propriedade característica de um detergente. Devido à sua dupla solubilidade, os detergentes podem tornar os lipídios solúveis em água. Sendo assim, a função dos ácidos biliares é emulsificar os lipídios da dieta e solubilizar os produtos da digestão de gorduras. A vesícula biliar estoca e concentra a bile durante os períodos entre as refeições, O epitélio da vesícula biliar absorve sódio, cloreto e bicarbonato da bile; a água é absorvida passivamente. Assim, na vesícula biliar os constituintes orgânicos da bile são concentrados e o volume da bile é reduzido.
- Suco entérico:
O suco entérico é uma substância produzida pela mucosa do intestino delgado que contém enzimas que completam a digestão dos carboidratos, das proteínas e dos lipídios.
II) QUANTO AO SISTEMA NEUROENDÓCRINO
O sistema nervoso é responsável pelo controle do peristaltismo, assim como movimentos simples como os de deglutição e mastigação. De uma forma geral, seja por ação simpática ou parassimpática, o sistema nervoso está intimamente ligado às respostas viscerais. Além disso, o sistema endócrino, a partir da liberação de hormônios como a insulina e o glucagon, é responsável por ativar e inativar diferentes mecanismos catabólicos e anabólicos, respectivamente, que estão notoriamente ligados ao metabolismo pós obtenção (ou não obtenção) das moléculas a partir da digestão.
III) QUANTO AO SISTEMA LINFÓIDE
Tanto ajuda na defesa, com a presença de células do sistema imune, como ajuda na digestão dos lipídios.
IV) QUANTO AO SISTEMA CIRCULATÓRIO E ESTRATÉGICO
O aporte sanguíneo é imprescindível para oferecer transporte dos hormônios pelo corpo e também para direcionar o caminho que seguirá o alimento dentro do organismo.
3- RESUMO DA ABSORÇÃO À NIVEL CELULAR E MOLECULAR
O arranjo celular do processo absortivo → presença de diferentes estruturas como os filamentos de actina-miosina, para garantir a flexibilidade do peristaltismo; bem como de junções oclusivas e de desmossomos e hemidesmossomos, responsáveis pela filtragem correta do material que está sendo absorvido.
O arranjo molecular do processo absortivo → permeabilidade seletiva da membrana plasmática a partir da presença de proteínas transportadoras da bicamada fosfolipídica.
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