AULA 11 - BIOSSÍNTESE DO LEITE
AULA 11
BIOSSÍNTESE DO LEITE
1- QUANTO À ANATOMIA
I - Comparativo entre espécies:
Primatas e elefante: glândulas mamárias torácicas;
Suínos: glândulas mamárias torácicas, abdominais e inguinais;
Gatos e cachorros: glândulas mamárias abdominal e inguinais;
Ruminantes e equinos: glândulas mamárias inguinais.
II- Quanto a anatomia geral da mama:
Alvéolos mamários → síntese do leite;
Ductos das tetas → local intermediário e de confluência dos ductos alveolares, formando emaranhados;
Cisterna da teta → local de armazenamento de leite (podendo ser "ampola" em outras espécies que não ruminantes, cujo tamanho do local de armazenamento é menor);
Canal da teta → esfíncter que permite a ejeção do leite.
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OBS: em ruminantes, como o conjunto glandular mamário é muito pesado, existe a necessidade de ligamentos suspensórios.
III - A unidade funcional: os alvéolos mamários
Apresentam células filtradoras do sangue que resultam na síntese do leite. Para produzirem o leite, essas células precisam de oferta sanguínea por capilares sanguíneos (estrutura vascular). Além da estrutura vascular, existe a necessidade de unidades musculares, as células mioepiteliais, que auxiliam na contração da unidade funcional, permitindo a ejeção do leite.
OBS: o estímulo para a ejeção do leite é devido ao hormônio ocitocina.
2- O DESENVOLVIMENTO DAS MAMAS
Devido à ausência dos hormônios sexuais femininos e a presença da testosterona, há a inibição do desenvolvimento das mamas nos machos. Nas fêmeas, por outro lado, o desenvolvimento da glândula mamária se inicia junto com a puberdade. A atividade ovariana cíclica resulta na produção de estrogênio e progesterona. O estrogênio, com o hormônio de crescimento e os esteroides suprarrenais, é o responsável pela proliferação do sistema de ductos. O desenvolvimento dos alvéolos na porção terminal dos ductos necessita da adição de progesterona e prolactina. Em outras palavras, para haver desenvolvimento das mamas, faz-se necessário o ciclo ovariano com início na puberdade, que desencadeia a liberação de estrogênio e progesterona, modulados pela cortisona.
Embora o desenvolvimento da glândula mamária tenha início juntamente com o começo da puberdade, a glândula permanece relativamente subdesenvolvida até a ocorrência da gestação.
Num segundo momento, quando a fêmea está em curso de gestação, além dos hormônios esteroides, do estrogênio e da progesterona, também desencadeia-se a liberação de prolactina. Quando esses três hormônios estão cursando a corrente sanguínea, emite-se o sinal de que existe a necessidade de desenvolvimento dos alvéolos mamários. No entanto, durante a gestação, a placenta produz muita progesterona, que inibe a síntese do leite porque a progesterona é o principal inibidor de receptores da prolactina nos alvéolos mamários. Nesse sentido, a fêmea não entra em lactação até o final da gestação; e durante esse período, ela somente desenvolve as glândulas mamárias.
Num momento pós-parto, os níveis de estrogênio e progesterona caem (principalmente pela perda da placenta), permanecendo somente a prolactina e os hormônios esteroides. Como não há progesterona para inibir os receptores dos alvéolos mamários, então permite-se que a prolactina atue, estimulando a produção de leite.
Durante a amamentação, devido à sucção do mamilo, ocorrem picos de prolactina, que induzem a PRODUÇÃO (e não ejeção) de leite.
Num último momento, após o desmame, os níveis de prolactina voltam a ser muito baixos devido a liberação dos hormônios do ciclo ovariano. Assim, inibe-se novamente a produção do leite.

Formação da lactose no metabolismo materno:
Duas moléculas de glicose sanguínea adentram o citosol das células alveolares mamárias por proteínas transportadoras do tipo GLUT. Uma das glicoses é convertida a UDP-glicose e então isomerizada (pela epimerase) a UDP-galactose, que consegue entrar no complexo de Golgi. A outra glicose entra diretamente no complexo de Golgi por meio de transportador GLUT. Dentro da luz do complexo de Golgi, há o complexo lactose-sintetase, formado por duas proteínas (alfa-lactoalbumina e galactosil transferase), que condensa UDP-galactose e glicose por ligação glicosídica, formando lactose e liberando UDP.
O UDP é posteriormente reciclado à UTP a partir do gasto de duas moléculas de ATP.
OBS: a síntese da enzima alfa-lactoalbumina depende da ausência do hormônio progesterona.
Como a produção de lactose exige duas glicoses e também alto gasto de ATP para a reciclagem do UDP, apenas a glicose da dieta pode não ser suficiente para suprir todas as demandas. Nesse sentido, a gliconeogênese tem importante papel na lactogênese, a partir da utilização de esqueletos de carbono provenientes de aminoácidos (especialmente daqueles musculares).
A água, os minerais, as vitaminas, e algumas proteínas (como as imunoglobulinas) são difundidas do sangue, passam pela célula alveolar mamária sem sofrer nenhuma alteração, e são liberados intactos.
As proteínas próprias do leite (como a caseína, B-lactoglobulina e alfa-lactoalbumina) são sintetizadas na célula alveolar mamária a partir de transcrição gênica e posterior tradução que usa aminoácidos sanguíneos como matéria-prima.
A lactose é sintetizada a partir de glicose, proveniente do sangue, pela enzima alfa-lactoalbumina no complexo de Golgi, que por sua vez depende da ausência do hormônio progesterona. A lactose é secretada por exocitose conjuntamente às proteínas do leite.
A gordura do leite é sintetizada a partir de ácidos graxos (e também acetato e butirato, no caso dos ruminantes) que são reesterificados dentro da glândula mamária e liberados (>95%) como triacilgliceróis por secreção apócrina.
6- PROPORÇÕES DOS COMPONENTES DO LEITE APÓS O PARTO
Primeiro dia: alta quantidade de todos os compostos (em especial das imunoglobulinas) com exceção da lactose, que está em baixa devido a atuação da progesterona inibindo a síntese da enzima alfa-lactoalbumina.
É importante ressaltar que os neonatos tem o "sistema digestório aberto" (não tem pepsina, HCl) de forma a poder absorver essas proteínas intactas derivadas da mãe.
7 - DOENÇAS RELACIONADAS A LACTAÇÃO/LEITE
Hipocalcemia → oferta do cálcio materno para prover no leite do filhote, geralmente acomete vacas com nutrição precária.
Intolerância a lactose → o animal/indivíduo para de produzir lactase, enzima que degrada a lactose.
Mastite → inflamação no tecido mamário causado principalmente por bactérias devido a condições insalubres de manutenção do úbere.
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